Crise no Brasil 2018
O Banco Central (BC) reduziu a previsão de crescimento da economia este ano. A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, passou de 1,6% para 1,4%, de acordo com o Relatório de Inflação, divulgado na quinta-feira (27.09.18), em Brasília.
“A revisão reflete a incorporação dos resultados do PIB no segundo trimestre e o arrefecimento na atividade econômica após a paralisação no setor de transporte de cargas, ocorrida em maio, como sugerido por indicadores”, diz o BC, no relatório.
A previsão do BC ficou próxima da estimativa de crescimento do PIB feita pelo mercado financeiro, que é 1,35% este ano. Mais uma vez, o mercado financeiro mostra a importância de sua atuação num país de governo fraco e submisso.
Setores da economia
A projeção do crescimento anual da agropecuária passou de 1,9% para 1,5%. Para a indústria, a estimativa foi revisada de 1,6% para 1,3%. O setor de serviços deve apresentar crescimento de 1,3% em 2018, a mesma projeção apresentada em junho pelo BC.
A estimativa para a variação anual do consumo das famílias recuou de 2,1% para 1,8%, “em linha com a evolução mais gradual do mercado de trabalho e com recuo de indicadores de confiança dos consumidores”. A projeção para o consumo do governo deve registrar recuo de 0,3%, enquanto a estimativa para a formação bruta de capital fixo (FBCF – investimentos) passou de 4% para 5,5%, “refletindo, em grande medida, importação de equipamentos destinados à indústria de petróleo e gás natural”.
A expectativa para o crescimento das exportações foi reduzida em 1,9 ponto percentual para 3,3%, e a variação das importações foi revisada para 10,2%, ante 5% na projeção anterior.
Greve dos caminhoneiros ou política econômica
No relatório, o Banco Central avaliou que, além do impacto direto sobre a atividade, a paralisação dos caminhoneiros no fim de maio afetou a confiança em relação à recuperação econômica, “com possíveis impactos sobre as decisões de produção, consumo e investimento”.
Segundo o BC, os dados das projeções de mercado para a economia, indicam que a greve “impactou negativamente, de forma relevante, a atividade econômica no segundo trimestre e as expectativas para o restante do ano”.
Os economistas que projetavam no início doa no um crescimento na casa de 3 pontos percentuais para o PIB brasileiro, creditam a greve dos caminhoneiros e a alta do dólar fatores importantes da queda para 1,4%, mas esquecem de avaliar a política econômica adotada no país na gestão Michel Temer, que reduziu a taxa selic sem chegar ao crédito oferecido ao consumidor e empresas, limitando o consumo, produção e geração de empregos.
Projeção para 2019
Neste relatório, o BC também divulgou a projeção para o crescimento do PIB em 2019, que ficou em 2,4%. “É fundamental destacar que essa projeção é condicionada a um cenário de continuidade das reformas, notadamente as de natureza fiscal, e ajustes necessários na economia brasileira. Também incorpora expectativa de iniciativas que visam a aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”, diz o BC.
Em 2019, os setores agropecuário, industrial e de serviços devem avançar 2%, 2,9% e 2%, respectivamente. As taxas de crescimento esperadas para o consumo das famílias e para a formação bruta de capital fixo são de 2,4% e 4,6%, nessa ordem. A estimativa para a expansão do consumo do governo é de 0,5%, “em cenário de restrição fiscal”. Exportações e importações de bens e serviços devem crescer 6 % e 5,9%, respectivamente.