Primeiro apartamento
Montar o primeiro apartamento sem planejamento e decisões que respeitem ambas as partes pode configurar em grande dor de cabeça no início da vida de casado
Duas pessoas diferentes, duas histórias de vida, um lar. Um dos desafios do início da vida a dois é a montagem do primeiro apartamento. Na nossa cultura, há maior ocorrência de casais que, somente após o casamento, vão dividir o mesmo teto. Ou seja, ainda não se conhecem com a profundidade necessária para criar um lar que possa atender as demandas individuais e aquelas que já emergem do amor de ambos. “A etapa mais importante do projeto com noivas e noivos é o briefing, que é o estudo inicial das demandas do casal que o lar precisa contemplar. Desenvolvemos um modelo que tenta ir ao não declarado, no subjetivo, para que possamos realmente fazer um projeto deixe os dois plenamente satisfeitos, com o qual eles se identifiquem e tenham sua rotina adaptada”, afirma a designer de interiores Flaviane Pereira.
A arquiteta Nina Abadjieff reforça a importância dessa etapa do projeto. “Sabe a máxima “os opostos se atraem”? Vejo casais completamente diferentes montando um lar que dividirão. Dessa forma, o desafio que temos é conciliar essas demandas e características de cada um e construir um todo que os represente, pois é prejudicial ao relacionamento uma parte do casal não se sentir a vontade na nova casa”.
Muitos conflitos que podem emergir em recém-casados provém da interação desses com o novo apartamento, já que toda rotina que tinham até aquele momento é alterada pela comunhão com o outro. “No briefing, preciso identificar se é um casal que gosta e tem tempo para tarefas domesticas ou não. As decisões de layout, principalmente cozinha, são definidas por esta ótica. Exemplo: se o casal não tem tempo, formatamos a cozinha com bancadas para refeições rápidas, bem como espaços de geladeiras e freezers mais amplos. Área de serviço mais compacta para guarda de materiais e retirada periódica, normalmente um dia da semana onde recebem diarista, e não algo para ser manuseado diariamente”, explica a arquiteta Marcia Coimbra.
Uma das principais causas de conflito entre recém-casados é o financeiro. Começar a vida a dois com esse tipo de problema pode ser o estopim para dificuldades na afirmação do casal no dia a dia. A arquiteta Nina Abdjieff afirma que um estudo das capacidades financeiras do casal deve ser compreendido no início do projeto para que a arquitetura seja aliada, e não a vilã nos primeiros meses de casamento. “O briefing financeiro é essencial. Já persuadi clientes a mudarem escopo inicial, sem prejuízo estético e funcional, para que desfrutem os primeiros meses de casamento e não criem dividas que cause problemas ao casal”. Assim, compreender as demandas de cada um, convergir essas para demandas comuns, respeitar a capacidade financeira do casal é a receita para um novo lar que seja um ótimo início da vida a dois.